Cervejas artesanais de Guarapuava buscam registro de Indicação Geográfica | ASN Paraná


Guarapuava, na região Centro do Estado, está em busca do registro de Indicação Geográfica (IG), na espécie de Indicação de Procedência (IP), para as cervejas artesanais produzidas na cidade. Para que isso ocorra, um grupo formado pelo Sebrae/PR, cervejeiros e Município de Guarapuava estão mobilizados para organizar o setor, o que inclui a formação de um comitê e de uma associação, para que o pedido possa ser depositado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), órgão responsável pela análise, regulamentação e concessão de indicações geográficas e marcas coletivas no Brasil.

Empresário Eliezer José Goulart acredita que o Município reúne todas as condições e diferenciais para a produção de cerveja artesanal. Foto: Rogerio Junior

A cidade, que busca o título de Capital Nacional da Cevada e do Malte, abriga cervejarias artesanais que se destacam pela conquista de diversos prêmios em função da qualidade e diversidade das suas cervejas. Além disso, o Município de Guarapuava instituiu a Lei nº 2765, de 22 de dezembro de 2017, que dispõe sobre a criação do Programa de Incentivo às Microcervejarias Artesanais.

A cidade é reconhecida ainda como grande produtora de cevada. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná é responsável por 321,5 toneladas de cevada por ano, e Guarapuava se destaca como o maior produtor, com 95,9 toneladas, o que representa 21% da produção nacional. Possui o Caminho do Malte, que é um roteiro que apresenta a cadeia produtiva da cerveja artesanal produzida localmente, no qual o turista acompanha as etapas do campo até o momento em que a bebida é servida no copo.

O consultor do Sebrae/PR, José Henrique Martins, explica que foi realizado um diagnóstico técnico para avaliar o potencial de IG das Cervejas Artesanais de Guarapuava. Nele, são avaliados aspectos como notoriedade do produto, coletividade, territorialidade, processo produtivo, cadeia produtiva, necessidade de proteção, entre outros.

“Os cervejeiros têm interesse na busca do registro da IG para projetarem ainda mais as cervejas artesanais de Guarapuava tanto no Brasil quanto no exterior. Uma vez reconhecida a IG, ela pode desempenhar papel essencial e atrair o desejo dos turistas de visitarem Guarapuava para conhecer as cervejarias e os produtos”, explica.

Guarapuava tem 10 marcas de cervejas artesanais, muitas delas com premiações nacionais e internacionais. Foto: Rogerio Junior

É o que espera o empresário Harry Reinerth, da cervejaria Donau Bier, instalada no Distrito de Entre Rios. Há mais de 10 anos no setor, ele acredita que a conquista da IG pode impactar no seu empreendimento.

“Para se ter uma IG é preciso atender a um padrão. Isso vai elevar a qualidade dos produtos locais e automaticamente agregar valor. É um trabalho que eu acredito que vai impactar nos negócios em médio e longo prazo. Temos que trilhar um caminho dentro da qualidade e oferecer experiências aos clientes”, comenta.

Fundada há quatro anos, a cervejaria Água do Monge acumula mais de 40 premiações nacionais e internacionais. O negócio realiza o envelhecimento da cerveja em barricas de carvalho francês e americano, bálsamo, ipê, castanheira, entre outros. O empresário Eliezer José Goulart, da Água do Monge, afirma que o Município reúne todas as condições e diferenciais para a produção de cerveja artesanal.

“Guarapuava é a maior produtora de cevada do Estado, e o local onde é feito o malte é perto, ou seja, as matérias-primas estão muito próximas, o que beneficia as cervejarias artesanais locais”, pontua.

No mercado cervejeiro desde 2019, o empresário Ezequiel Metzger, da Metzger Bier, que produz de oito a 12 estilos de cervejas, e traz na bagagem 18 medalhas, também tem expectativas na agregação de valor ao produto com a conquista da IG.

“Além disso, as cervejarias terão que cumprir padrões especificados no caderno técnico. É uma segurança a mais para o consumidor e que trará resultados no mercado em função dos nossos diferenciais”, acrescenta.

Cervejeiro há 10 anos, o empresário Ricardo de Almeida Lima, da Irmandade Cervejaria Artesanal, fundada há quase cinco anos, e ganhador de 14 medalhas em concursos nacionais, diz que as cervejarias locais se destacam pela qualidade dos produtos, volume de premiações e que a IG chancelará que a cidade tem boas cervejas.

“Nos pequenos volumes conseguimos manter a qualidade dos produtos. Nos pequenos lotes é possível manter aspectos artesanais, a essência na produção da cerveja. Além disso, a IG traz diferenciação de mercado, mostra que o valor agregado da cerveja é baseado na qualidade. Temos convicção de que os nossos produtos estão entre os melhores do Paraná e do Brasil”, reforça.

Números no Paraná

Atualmente, no Paraná, são 14 Indicações Geográficas reconhecidas pelo INPI: cachaça e aguardente de Morretes; melado de Capanema; mel de Ortigueira; cafés especiais do Norte Pioneiro; morango do Norte Pioneiro; vinhos de Bituruna; goiaba de Carlópolis; mel do Oeste do Paraná; barreado do Litoral do Paraná; queijos coloniais de Witmarsum; bala de banana de Antonina; erva-mate São Matheus, do sul do Paraná; camomila de Mandirituba; e uvas finas de Marialva. Além delas, há uma IG concedida para Santa Catarina, que também envolve municípios do Paraná e Rio Grande do Sul, que é o Mel de Melato da Bracatinga do Planalto Sul do Brasil.

Outros produtos estão em busca do registro e possuem pedidos depositados no INPI: Tortas de Carambeí; Broas de Centeio de Curitiba; Mel de Prudentópolis; Urucum de Paranacity; Queijos do Sudoeste do Paraná; Cracóvia de Prudentópolis; Carne de Onça de Curitiba; Café de Mandaguari; Ponkan de Cerro Azul; Ovinos e Caprinos da Cantuquiriguaçu; Ginseng de Querência do Norte e Ostras do Cabaraquara.



Fonte: Sebrae

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