maio 17, 2025
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Metade dos distritos de SP tem Ideb menor do que a média – 17/04/2025 – Educação


Dos 96 distritos que compõem a cidade de São Paulo, 53 não conseguem alcançar a média brasileira no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para os anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano). Ou seja, mais da metade das regiões da cidade mais rica do país tem escolas municipais que não atinge o desempenho médio do restante da rede pública do Brasil.

A educação na cidade também é marcada por forte desigualdade, com uma diferença de até 50% no indicador entre os distritos. Na Vila Mariana, na zona sul, as escolas têm o maior desempenho do município, com média de 7,3 no Ideb. Já o Pari, na região central, tem a menor média, com nota 4,8.

Os dados são do levantamento do Mapa da Desigualdade de São Paulo, feito pela Rede Nossa São Paulo, com informações da própria prefeitura e do Ministério da Educação. O estudo foi divulgado nesta quinta-feira (17).

O Ideb é o principal termômetro da educação brasileira. Sob a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), São Paulo foi uma das poucas capitais do país a não conseguir recuperar o desempenho educacional registrado antes da pandemia.

O indicador da rede municipal caiu de 5,7, em 2021, para 5,6 no ano passado. Em 2019, antes da pandemia, a média era 6. Com esse resultado, a capital paulista ficou atrás da média das escolas públicas do país, que foi de 5,7.

“Fala-se muito em otimizar os recursos do estado, mas os dados mostram que o poder público não tem sido efetivo em distribuir os serviços públicos. Há uma recorrência de desigualdades no território da cidade, os distritos mais pobres são aqueles com a oferta mais deficitária de serviços, é o caso da educação pública”, diz Igor Pantoja, coordenador da Rede Nossa São Paulo.

Ainda que o Pari não esteja em uma região periférica da cidade, é um dos distritos com menor remuneração média mensal entre aqueles com emprego formal. Um morador do Pari tem renda de R$ 2.700, quase metade da renda de quem mora na Vila Mariana que recebe R$ 4.900.

Outros distritos entre os que têm menores médias são Penha e Rio Pequeno, com 4,9 e 5,28 no Ideb para os anos iniciais. Eles estão também entre as regiões com menor renda média mensal, de R$ 2.700 para aqueles que têm emprego formal.

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação disse que para reduzir as desigualdades em regiões mais vulneráveis conta com o pagamento da GLT (Gratificação por Local de Trabalho), atualmente para 30 mil professores que atuam em unidades com alta rotatividade, além do pagamento de GDA (Gratificação de Difícil Acesso) para 59 mil educadores que trabalham em escolas de difícil acesso.

Também disse que a cidade possui 59 CEUs, “espaços importantes, muitos deles em territórios com alta vulnerabilidade, que garantem uma educação integral, além de acesso a lazer, cultura e esportes”.

O levantamento analisou outro indicador, que é fortemente associado à qualidade do ensino: o esforço docente. Ou seja, as condições de trabalho dos professores. Os dados mostram que quem trabalha em escolas municipais da periferia e nas regiões mais pobres fica mais sobrecarregado do que quem atua em unidades de bairros mais ricos.

Para essa análise, foi usado o indicador calculado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do MEC.

Os dados mostram que em cinco distritos, todos na região central ou de alta renda, não há nenhum professor da rede municipal que trabalhe em uma condição que seja caracterizada de “alto esforço docente” —quando o profissional tem mais de 400 alunos, dá aula em duas ou três escolas, em três turnos e em dois ou três etapas diferentes de ensino.

Pinheiros, Vila Mariana, Santa Cecília, Moema e Perdizes não têm nenhum professor nessa condição. Já Santo Amaro, Mooca, Grajaú, Capão Redondo e Jardim Ângela têm mais de 10% dos docentes da rede municipal atuando na condição de alto esforço docente.

“A política pública eficiente olha e reconhece as desigualdades e pensa em formas de reduzi-las. Na cidade de São Paulo, as desigualdades parecem apenas se reforçar sem que haja estratégias para mitigá-las”, diz Pantoja.

“Se um professor vai dar aula em um contexto socioeconômico mais desafiador, ele deveria ter mais condições e tempo para se dedicar àqueles alunos. O que acontece em São Paulo é o contrário, o professor que dá aula no lugar mais pobre é também o que está mais sobrecarregado”, completa.

Pressionado a adotar estratégias para melhorar a qualidade do ensino na cidade, o prefeito Ricardo Nunes tem responsabilizado os professores da rede municipal pelo desempenho ruim. No primeiro dia de aula, por exemplo, ele chegou a dizer que não vai tolerar “professor que não consegue transmitir conhecimento”.

“Todo mundo recebe o mesmo salário, tem a mesma estrutura [de trabalho]. Como é que tem escola [do município] com nota 7 e outras com nota 4,5? Não podemos aceitar de jeito nenhum que isso aconteça, um professor ou uma escola que não consegue transmitir conhecimento. Precisamos de professores comprometidos”, disse na ocasião o prefeito.

Entre as principais apostas de Nunes para melhorar o desempenho de São Paulo no Ideb está o plano de entregar as 50 escolas municipais com menor resultado para serem geridas pela iniciativa privada.



Fonte: Folha

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