maio 16, 2025
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Desafios virtuais: perigo silencioso exige vigilância – 17/04/2025 – Educação


A notícia estarrecedora de que uma menina de 8 anos do Distrito Federal (DF) morreu ao inalar desodorante por conta de um desafio virtual mobilizou manchetes e autoridades nesta semana. Sarah Raíssa Pereira de Castro foi encontrada desacordada pelo avô ao lado do celular e de um frasco do produto na quinta-feira (10). Segundo o pai da criança, no telefone havia um vídeo do desafio, em que os participantes devem aspirar o gás pelo maior tempo possível, gravando a si mesmos.

O caso está sob investigação policial e gerou manifestações do advogado-geral da União, Jorge Messias, e da secretária de Direitos Digitais do Ministério da Justiça, Lilian Melo, reaquecendo o debate sobre a regulação das mídias sociais no país e a necessidade urgente de que as famílias acompanhem a vida online de seus filhos e filhas.

Neste ano, além de Sarah Raíssa, a morte de Brenda Sophia Santana, de Bom Jardim (PE), foi registrada em março também por inalação de desodorante. Ela tinha 11 anos. De acordo com o Instituto DimiCuida, entidade sem fins lucrativos que combate brincadeiras digitais arriscadas, 56 crianças e adolescentes entre 7 e 18 anos morreram ou se feriram gravemente no Brasil devido a essas práticas disseminadas nas redes sociais.

Os desafios virtuais rondam a internet silenciosamente há anos. Alguns chegam a ganhar o noticiário, como o jogo da Baleia Azul, que teria surgido há uma década na Rússia como uma mentira, mas acabou viralizando e alarmando pais, mães e responsáveis. Mais recentemente, o caso do “Homem Pateta” também assustou crianças e familiares.

Outros surgem em vídeos em plataformas digitais usadas por adolescentes, disfarçados de brincadeiras supostamente divertidas, como prender a respiração, estrangular o outro e manusear fogo e substâncias tóxicas, com o objetivo de provocar desmaios, testar resistência e, claro, registrar a si mesmo superando o que foi proposto.

Desde 2019, a OMS (Organização Mundial da Saúde) passou a incluir, em sua Classificação Internacional de Doenças, uma descrição de condições relacionadas a distúrbios causados por jogos que se aproxima dos desafios virais. Denominados como “hazardous gaming” (jogos de risco) pela entidade, são definidos como um “padrão de participação em jogos eletrônicos, seja online ou offline, que aumenta consideravelmente o risco de consequências nocivas à saúde física ou mental para o indivíduo ou para outras pessoas em seu redor.”

Os motivos pelos quais eles são tão atraentes para adolescentes são diversos. Segundo a organização não-governamental Internet Matters, que atua no Reino Unido com o objetivo de fortalecer a segurança digital de crianças e jovens, é possível citar curiosidade, excitação pelo risco, necessidade de pertencimento e inclusão e o desejo por popularidade como alguns dos fatores que envolvem esse público nessas supostas brincadeiras que podem ser mortais.

É necessário um óbvio e urgente esforço das empresas de tecnologia para coibir e tirar do ar conteúdos que incitam qualquer tipo de violência, inclusive contra si próprio. Mas também é preciso que familiares e educadores estejam sempre atentos, mantendo um diálogo aberto sobre os hábitos digitais de crianças e jovens, estabelecendo regras sobre dispositivos digitais em família e mediando o uso e manuseio deles e de aplicativos e jogos eletrônicos. E isso precisa ser feito perenemente, de forma profilática, para que outras tragédias sejam evitadas.



Fonte: Folha

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